sábado, 11 de março de 2017

À um anjo chamado Vicenzo

Curitiba, 10 de março de 2017

Querido Vicenzo,
Nesse momento, me encontro aqui sentada, em meio à correria da rotina da universidade num dia tão lindo e fresco, pensando novamente em você, relembrando seus olhos, seu olhar de paz e a alegria que me deu só ao saber que eu seria ser a tia mais sortuda por te ter como sobrinho.
                É incrível ver o quanto você me ensinou, sem ao menos estar fora da barriga da sua mãe, uma das minhas melhores amigas e praticamente minha irmã. Desde antes de saber qual sexo teria, a vida e Deus já me presentearam com uma das maiores dádivas: ser tia. Confesso que antes não entendia muito bem o apego que minhas tias tinham em relação a mim, a ponto de fazer o impossível para nos ver bem e felizes. Hoje eu entendo parte disso, mesmo você não sendo meu sobrinho de sangue de minha parte.
                Aquele desejo que só aumentava de te ver crescer, ensinar coisas, aprender também e acompanhando suas pequenas descobertas e pensando, ao ver as crianças que eu cuidava no Buffet, “Será que ele vai ser tão alegre assim? O que ele vai gostar? Será que ele vai me chamar de Tia Dudi, Tia Madu, Tia Duda? Qual será a primeira palavra?”. Hoje e ontem pensei até que você estaria me pedindo pra me ensinar a dançar, pra brincar de pega-pega dando gargalhas pelos gramados de todo o Politécnico e eu correndo atrás de você até quando não desse mais, pedindo pra Ana pra conhecer onde uma das tias trabalhava/estudava, ir na minha formatura junto com seus pais e até eu te cuidando quando eles resolvessem sair. Essas coisas, simples mas singelas, não saem da minha cabeça mas eu penso nelas com tanto carinho que a dor se transforma em conforto e em aconchego por ter aprendido muito nesse tempo que eu pude sentir todo esse amor incondicional.
                Como disse após seu enterro, você me ensinou a perdoar porque nenhuma pessoa é tão má que não a mereça, a aguentar tudo até o fim com sua garra e a ter fé nas pessoas e nos outros. Você é um guerreiro que lutou até o fim, com muita coragem e força, apesar do pequeno tamanho. Seu coração bateu até o ultimo minuto com uma sede pela vida que foi de admirar e saiba que foi muito amado no decorrer desses meses por todos que sabiam da sua existência e formação, mas acima de tudo pelas famílias dos seus pais (Ana & Rômulo). E, após escrever esse parágrafo, sinto uma leve brisa passando por mim: seria você me abraçando ou me dando força pra vida em diante? Acabei de sentir uma paz interior que não consigo nem explicar.
              Agora, só me resta a rezar por você e agradecer por tudo que me proporcionou nesse tempo, porque não há nada na vida que eu trocaria por ter sentido esse amor tão inexplicável e imenso, a ponto de mudar pra melhor a vida de todos. Jamais esquecerei as sensações que me fez sentir de carinho, compaixão, amor, felicidade e euforia (quando falava pra todo mundo que eu ia ser a tia mais feliz e sortuda de todas). Amo-te muito e sempre te amarei, meu sobrinho lindo!

Fique com Deus e cuide de todos nós, sendo pra sempre nosso anjinho.

Um grande beijo de uma das suas tias que te ama muito,
Dudi.